O novo piloto da Williams, Carlos Sainz, classificou como “exagerada” a repressão da FIA ao uso de palavrões e alertou que impedir os pilotos de demonstrar emoção dentro do carro seria prejudicial para a Fórmula 1. No mês passado, a entidade que rege a F1 atualizou seu Código Esportivo, introduzindo regras mais rígidas para os comissários penalizarem o uso de palavrões. As novas diretrizes sugerem punições severas, incluindo multas de até €120.000, perda de pontos e até mesmo banimentos de corridas.
Adrien Fourmaux, do WRC, foi o primeiro piloto penalizado com base nessas diretrizes durante o Rally da Suécia no último fim de semana. O piloto da Hyundai recebeu uma multa de €10.000 e uma multa adicional de €20.000 (suspensa) por usar “linguagem inapropriada” em uma entrevista na TV. Fourmaux não insultou ninguém diretamente, mas em sua declaração disse que ele e seu navegador “f*deram tudo ontem” em uma etapa anterior.
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Sainz se pronuncia sobre as novas regras
Na Fórmula 1, onde as multas são quatro vezes maiores do que em outras competições sancionadas pela FIA, a Associação de Pilotos (GPDA) ainda não se pronunciou oficialmente sobre o tema. No entanto, durante o lançamento do Williams FW47, Sainz pediu à FIA que diferencie o uso de palavrões dentro e fora do carro.
Embora o espanhol concorde que os pilotos devem evitar linguagem inapropriada em entrevistas e coletivas de imprensa, ele defendeu que a FIA não restrinja excessivamente a expressão emocional dos pilotos durante as comunicações por rádio com suas equipes:
“Os pilotos de F1 devem ter controle suficiente durante entrevistas coletivas e aparições na mídia para evitar palavrões. Sou a favor de fazermos um esforço como grupo, quando todas as crianças estão nos assistindo em coletivas de imprensa ou diante da mídia, para manter um bom comportamento e um vocabulário adequado. Acho que isso não é muito difícil. Então, precisamos de multas ou de controle para isso? Não sei, mas sou a favor de sempre me expressar bem e ser educado diante dos microfones e da mídia”, afirmou o espanhol.
“Ao mesmo tempo, acho que essa regra é exagerada para as comunicações via rádio, considerando a adrenalina e a pressão que sentimos dentro do carro. O que a FIA está tentando fazer com proibições e penalizações é excessivo, porque, para mim, isso é uma parte fundamental do esporte. É onde vocês (mídia e fãs) podem ver a emoção real, a pressão real e a empolgação genuína na voz dos pilotos e, às vezes, infelizmente, um vocabulário próprio dos corredores.”
F1 vai perder sua personalidade?
Sainz alerta que censurar as comunicações de rádio pode comprometer a autenticidade da F1, especialmente após o presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, sugerir a possível eliminação das transmissões ao vivo das conversas entre equipes e pilotos. Atualmente, a transmissão dessas mensagens já ocorre com atraso para permitir a censura de palavrões.
“Desde que não sejam palavras ofensivas direcionadas a alguém, mas apenas um palavrão que expresse emoção, não acho que isso deva ser tão controlado. Caso contrário, vocês vão perder muita coisa do que vivemos dentro do carro. E, acreditem em mim, vocês não gostariam de colocar um microfone em um campo de futebol para ouvir o que os jogadores dizem, que é uma situação equivalente”, explicou Sainz.
“É bom ter esses momentos porque vocês veem o piloto real. Já temos muitas restrições sobre o que podemos dizer a respeito de nossas equipes e situações. Já temos muitas orientações da mídia, já nos dizem o que devemos falar. Às vezes, não sou muito tranquilo no rádio, mas quando vocês ouvem essa paixão, quando escutam essas palavras, mesmo que às vezes usemos palavrões – para mim, isso deve continuar na F1, e não é algo que deveríamos eliminar”, completou.
A nova temporada da F1
A Fórmula 1 retorna no fim de semana dos dias 14, 15 e 16 de março, em Melbourne, na Austrália. O SportBuzz trará a repercussão e os destaques da principal categoria do automobilismo mundial.
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