A corrupção ameaça o meio ambiente e impulsiona crimes ambientais na América Latina, onde 2/3 dos países pontuam abaixo de 50 no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), revela relatório da Transparência Internacional (TI) divulgado na 3ª feira (11.fev.2025).
O documento aponta que a ausência de medidas anticorrupção efetivas promove violações ambientais e aumenta a influência do crime organizado. A corrupção é apontada como um dos maiores obstáculos para combater a crise climática na região.
A corrupção na região se manifesta de diferentes formas. Propinas e subornos levam funcionários públicos, forças policiais, agentes aduaneiros e órgãos licenciadores a ignorar violações ambientais. O resultado são prejuízos estimados entre US$ 82 bilhões e US$ 238 bilhões anuais com crimes ambientais, que já representam a 4ª maior modalidade de crime organizado.
Nos últimos 5 anos, mais de 1.000 defensores ambientais foram mortos, com a maioria dos casos ocorrendo em países com altos níveis de corrupção. Quase todos os assassinatos aconteceram em nações com pontuação abaixo de 50 no IPC.
O problema afeta tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. Nos Estados Unidos (65 pontos no IPC), uma empresa de energia pagou US$ 60 milhões em subornos para aprovar um pacote bilionário de resgate financeiro a usinas nucleares, retardando a transição para energias renováveis.
A corrupção também agrava a marginalização de populações vulneráveis, que sofrem desproporcionalmente com os efeitos das mudanças climáticas. Quando recursos são desviados, comunidades ficam mais expostas a desastres naturais devido à infraestrutura precária.
“Precisamos urgentemente erradicar a corrupção antes que ela derrube completamente as ações concretas contra as mudanças climáticas“, afirmou Maíra Martini, CEO da Transparência Internacional.