O cenário econômico global apresentou uma melhora nos últimos meses, favorecendo moedas de mercados emergentes e reduzindo a pressão sobre o câmbio brasileiro. No entanto, os riscos externos ainda exigem monitoramento, segundo a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, em entrevista ao BM&C News.
Segundo a especialista, a recente valorização do real, que voltou a operar próximo de R$ 5,70, foi impulsionada principalmente por fatores externos, sem grandes mudanças no ambiente doméstico desde a aprovação do último pacote fiscal do governo. “Boa parte dessa melhora vem de fora. No ano passado, havia uma preocupação maior com o cenário fiscal interno e, ao mesmo tempo, com o ambiente global, especialmente sobre possíveis medidas de Donald Trump relacionadas a tarifas e estímulos à economia dos Estados Unidos“, explicou.
Fatores externos e o impacto no câmbio e no Brasil
A economista destacou que, ao longo de 2024, a expectativa de maior estímulo econômico nos EUA e o impacto dessas políticas sobre juros e inflação tornaram os ativos americanos mais atraentes, reduzindo o fluxo de capital para mercados emergentes, como o Brasil. Isso contribuiu para um desempenho mais fraco do real.
No entanto, nas últimas semanas, a percepção de risco diminuiu. “Hoje, a apreensão com relação às tarifas e outras medidas está menor do que no final do ano. Isso tem ajudado na valorização das moedas emergentes“, apontou Rafaela.
Outro fator que influencia essa tendência é a leve alta nas commodities, beneficiando economias exportadoras. A economista mencionou que o aumento nos preços de bens agrícolas e metálicos já impacta os preços internacionais e pode gerar uma pressão inflacionária no curto prazo. “Ainda não houve um repasse completo para o consumidor, mas seguimos atentos a esse movimento“, alertou.
Apesar do alívio momentâneo, Rafaela Vitória ressaltou que o ambiente externo ainda requer acompanhamento. Entre os pontos de atenção, estão possíveis novas medidas protecionistas nos Estados Unidos, que podem interferir no comércio global e afetar países exportadores, como o Brasil.
“Ainda há incerteza sobre como as negociações vão evoluir. Entre a retórica e as medidas concretas, temos um espaço de indefinição que precisa ser monitorado“, concluiu.
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