A onda de calor que atingirá grande parte do Brasil nesta semana coloca a Região Sudeste em alerta. O Índice de Previsão Extrema (EFI) do modelo ECMWF realça uma condição pouco incomum para essa época do ano.
- Mais informações: Semana sob alerta de condições extremas no Brasil: onda de calor e elevado risco de tempestades severas
A onda de calor que atua sobre o Brasil esta semana vai afetar principalmente as regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste. A terceira onda de calor em menos de 50 dias deixa a região Sudeste em alerta para um padrão considerado ‘muito incomum’ e ‘extremo’, onde as temperaturas máximas podem alcançar os 40°C.
Confira os detalhes da previsão do tempo para a região Sudeste de acordo com o modelo de confiança da Meteored | Tempo.com.
O índice de previsão extrema (EFI)
O índice chamado Extreme Forecast Index (EFI, do inglês ‘índice de previsão extrema’) é uma ferramenta usada para identificar previsões meteorológicas que fogem do padrão climático esperado. Como os valores considerados extremos variam de acordo com a região, a comparação das previsões com a climatologia do modelo ajuda a destacar condições anômalas que podem resultar em impactos significativos.
Essa informação pode ser vista no mapa abaixo, indicada pela área em laranja dentro das linhas pretas.
️ O índice EFI do ECMWF mostra áreas onde temperaturas anômalas de 2 m provavelmente ocorrerão nesta semana.
️ Valores acima de 0,8 significam que uma condição “muito incomum” ou “extrema” está sendo prevista.
️ + informações: https://t.co/TpsgAWCDDw pic.twitter.com/pSxQOfTWw7
— Meteored | Tempo.com (@MeteoredBR) February 17, 2025
Este índice varia de -1 a 1, sendo que valores entre 0.5 a 0.8 (positivo ou negativo) indicam que um evento incomum é provável. Valores acima de 0.8 (positivo ou negativo), sugerem que um evento muito incomum ou extremo pode ocorrer. O mapa nos mostra valores acima de 0,8 principalmente para a região Sudeste, ou seja: evento extremo de temperatura.
As temperaturas máximas podem ultrapassar os 40°C
Na terça-feira (18), a área com as maiores anomalias positivas de temperatura máxima (desvios em relação à média) será a parte leste da região Sudeste, desde São Paulo capital, abrangendo todo o estado do Rio de Janeiro, grande parte do Espírito Santo e de Minas Gerais.
O mapa abaixo mostra a previsão de anomalia de temperatura para às 15h, horário que costuma registrar a temperatura máxima do dia, de acordo com o modelo ECMWF. Estão previstas anomalias de 13°C acima da média na região de Volta Redonda (RJ), 9°C em Juiz de Fora (MG), 8°C em São Paulo (SP) e Cachoeiro do Itapemirim (ES).
Essas anomalias de temperatura representam máximas de 40°C em Volta Redonda (RJ), 33°C em Juiz de Fora (MG), 38°C em Cachoeiro do Itapemirim (ES) e 35°C em São Paulo capital. Nas demais capitais do Sudeste, estão previstos 31°C em Vila Velha (ES) e 34°C no Rio de Janeiro (RJ) e em Belo Horizonte (MG).
Na quarta-feira (19) os termômetros continuam subindo e a quinta-feira (20) será um dos dias mais quentes da semana. As temperaturas máximas (15h), de acordo com a previsão do modelo ECMWF abaixo, podem alcançar os 41°C na região de Duque de Caxias (RJ), 36° em São Paulo capital e na Região Metropolitana, 38°C em Ribeirão Preto (SP) e interior, e máximas acima dos 35°C em grande parte do estado de Minas Gerais.
As temperaturas extremas previstas para esta semana deixam a população em alerta para redobrar os cuidados com a saúde, pois o calor extremo pode ser letal. As principais recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para enfrentar ondas de calor envolvem beber muita água, evitar exposição ao sol e exercícios físicos durante os horários mais quentes do dias, usar protetor solar, roupas leves e claras, além de redobrar os cuidados com pessoas com comorbidades, idosos, crianças e animais de estimação.
Impacto no consumo de energia
O gráfico abaixo, do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), mostra a comparação entre a demanda de energia entre o período de 1° de Janeiro e 15 de Fevereiro de 2024 (linha azul) e de 2025 (linha amarela) para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste. O gráfico deixa bastante claro como as temperaturas extremas deste começo de ano têm se refletido em uma demanda por energia elétrica que está superando a demanda do ano passado – o ano recorde de temperatura global e regional.
O ano de 2024 foi o ano mais quente dos registros, tanto a nível global quanto regional (Brasil). Havia uma expectativa inicial que 2025 não seria um ano tão quente, uma vez que as temperaturas do Oceano Pacífico tropical resfriaram e a NOAA declarou La Niña. Porém, o que estamos observando até agora, refletem o contrário. O Observatório Copernicus declarou Janeiro de 2025 como o mais quente da história dos registros e o Brasil já enfrenta sua terceira onda de calor em 50 dias.
O aumento expressivo da demanda por energia elétrica neste início de ano levanta questionamentos sobre a resiliência do sistema elétrico brasileiro diante das mudanças climáticas. Embora a capacidade instalada de geração seja suficiente para atender ao consumo crescente, desafios persistem na transmissão e distribuição da energia, especialmente no aproveitamento de fontes renováveis, como a elétrica e eólica.
Além disso, a alta frequência de eventos extremos evidencia a necessidade de planejamento estratégico para evitar restrições na rede elétrica e minimizar impactos para a população. Diante desse cenário, fica o alerta: o Brasil está preparado para lidar com um futuro de temperaturas cada vez mais elevadas e um consumo energético em constante crescimento?